sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Inclusiva...mente(s) - Palestra de David Rodrigues

"Ninguém beneficia de Medidas Universais. A educação é como o oxigénio e a água potável. É um direito."
"A excelência não é ter bons alunos. É educar todos os alunos."
"A Escola tem de se aproximar do aluno. E isso não é facilitismo."
                                                                                                                    David Rodrigues

Palestra Inclusiva..mente(s)
Fonte
A palestra Inclusiva...mente(s), organizada pela EMAEI, trouxe à Escola Secundária de Estarreja, no passado dia 5 de fevereiro, o Presidente da pró-inclusão e Conselheiro Nacional de Educação, o Prof. Dr. David Rodrigues. 
O orador abalou certamente o paradigma da Escola tradicional ao explorar o conceito de Inovação inclusiva e várias teses sobre Educação Inclusiva.
O final da palestra foi feito de partilha de experiências, de argumentação e polémica. Afinal não são estes os ingredientes que potenciam a mudança? Potenciaram certamente algum desconforto e reflexão nos presentes e também no orador. Partilho convosco o seu desabafo, quase em formato de adenda à palestra, retirado do Espaço 54 - Grupo de Apoio à Educação Inclusiva, do qual é membro.

Paula Silva


Exames e Inclusão
Ontem no final de uma ação de formação na sede de um agrupamento de escolas em Estarreja, no momento das perguntas, ressurgiu a sempre presente questão sobre "como se pode diferenciar, flexibilizar se há exames?". E vem depois a argumentação das expectativas dos alunos, das famílias, etc. etc. etc
A conclusão que se procura tirar é simples: enquanto houver exames não pode haver diferenciação nem flexibilidade. Por isso talvez mesmo a inclusão seja "conversa para inglês ver".
Tivemos uma discussão bem viva sobre o assunto a que eu gostava aqui de voltar em 5 pontos:
1. Há uma grande diferença entre o tempo dos exames e da Inclusão: os exames é o fim de uma era e a Inclusão (e a diversidade) o início de outra. Quero acreditar que nenhum educador acredita de verdade que para resolver os problemas de hoje precisamos das soluções de ontem...
2. Existe uma obsessão com os exames. Porque é que não se diferencia no 5º ano? por causa do exame do 9º. Porque não se diferencia no 10º? Por causa do exame do 12º. E assim vamos. Assim vista esta posição é mais uma desculpa do que uma opção educacional.
3. Fazer obedecer toda a educação ao sucesso nos exames seria partir do princípio que os exames são justos (ninguém assina isto, pois não?), que os exames avaliam toda a aprendizagem (também não, pois não?) e que o sucesso nos exames é o objetivo mais nobre de 12 anos passados na escola.
4. Mesmo assim, a Inclusão não é incompatível com avaliações estandardizadas. Há muita maneira de chegar aos conteúdos que se acham "imprescindíveis". Porque é que então se faz finca pé nesta antinomia entre exames e inclusão?
5. Assumo que a minha resposta é polémica, mas aqui vai: é certamente porque ainda há professores que necessitam dos exames como peça indispensável de motivação dos alunos. E aqui talvez haja uma grande "margem de progressão". E procurássemos cada vez mais e em conjunto fazer com que TODOS os alunos se apaixonassem pelo nosso ensino, pela vibração dos conteúdos, pelo seu progresso na aprendizagem?
Isto serve, afinal, para os exames e para a Inclusão!
                                                                                                                                            David Rodrigues

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