sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

AÇÃO DE SENSIBILIZAÇÃO│ Comportamentos aditivos e dependências

No passado dia 19 de fevereiro, realizou-se, na Escola Secundária de Estarreja, uma ação de sensibilização sobre Comportamentos Aditivos e Dependências com e sem Substância, dirigida a professores, pais e encarregados de educação. Esta ação contou com a presença do Dr. Emídio Abrantes, Coordenador do Centro de Respostas Integradas de Aveiro – Administração Regional de Saúde, I.P., antigo Centro de Atendimento da Toxicodependência (CAT), a convite da professora Paula Silva, dinamizadora da atividade. O objetivo desta iniciativa foi sensibilizar e promover conhecimento sobre formas de prevenção ou de atuação face à dependência e alertar para os problemas relacionados ao nível pessoal, social e escolar. 
   
A ação teve início com a apresentação dos resultados da aplicação do Inquérito “Jogar 100 Dependências”, elaborado sob a orientação da professora Paula Silva pelo Observatório de Qualidade e aplicado, durante o mês de outubro de 2019, aos alunos do 3º CEB e Secundário do Agrupamento de Escolas de Estarreja, que fazem uso de videojogos num computador, consola ou outros dispositivos móveis, respeitando-se os direitos à privacidade, à segurança, à proteção e à confidencialidade dos dados pessoais e ao seu tratamento. A professora apresentou as fontes utilizadas na génese deste documento, os seus objetivos e a forma como foi aplicado. Foram ainda identificados os sinais de comportamentos desadaptativo predisponentes ao desenvolvimento desta problemática. Acerca dos resultados do inquérito, a professora acredita que “Não se pode dizer que esta problemática não existe no nosso Agrupamento. Não deixa de ser necessária uma intervenção preventiva com o objetivo de fornecer aos nossos alunos os conhecimentos e as competências necessárias para lidar com o risco associado a estes comportamentos.” E foi corroborando esta ideia de que na nossa sociedade “existem problemas aditivos” que o Dr. Emídio, coordenador do CRI, começou a sua apresentação. “A substância faz parte do nosso quotidiano. É preciso dizer não e fazer escolhas conscientes.” – afirma perante as estatísticas que concluem que 89% dos jovens com 19 anos já consumiram haxixe. Não obstante, o orador descreve Portugal como um país pioneiro no âmbito das adições. “Cá, ao contrário de outros países, as adições são consideradas um problema de saúde e não um problema judicial, como é o caso dos EUA e do Brasil. Existem Centros de Tratamento numa Comunidade Terapêutica. Trata-se de uma estrutura residencial de longa duração, comparticipada pelo Estado em 80%, pelo que a família paga 180€ mensais, valor que se mantém há 20 anos e que continua a ser elevado para muitas famílias.” 

O orador apresentou o contexto de outras dependências como a cannabis, o uso dos videojogos, da raspadinha e Placard e descreveu os diferentes usos que diferentes Agrupamentos de Escolas dão ao telemóvel em sala de aula. 

A ação proporcionou espaço de debate e partilha de experiências. Alguns dos presentes colocaram questões, enquanto encarregados de educação, sobre o uso excessivo dos videojogos e o jogo a dinheiro e comentou-se acerca do paradoxo entre a crescente liberalização das drogas e o aumento do custo do tabaco, dos açúcares e salgados: “Qualquer dia será mais fácil comprar um queque de cannabis do que uma bola de Berlim” afirmou Rui Rufino, professor coordenador do Observatório de Qualidade. 

No final, ficou o apelo do orador convidado face à impessoalização das relações humanas na era da virtualidade e dos nativos digitais:” Não podemos perder o treino de relacionamento social com o outro”.

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