“Os criadores de jogos não são
criadores de experiências maléficas”, afirmou o Prof. Dr. Nelson Zagalo,
investigador doutorado na área do multimédia e dos videojogos, na abertura da
Palestra Ciência e Mitos sobre os efeitos
dos Videojogos que juntou, no passado dia 29 de janeiro, no auditório da
Escola Secundária de Estarreja, professores de diferentes ciclos e áreas
curriculares, técnicos, psicólogos, agentes da GNR, do projeto Escola Segura, e, em representação da
Câmara Municipal de Estarreja, o vereador da educação, Dr. João Alegria.
Em publicação no blogue Virtual Illusion,
o orador, professor do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de
Aveiro, escreve acerca do alegado vício na internet e nos videojogos: “Na
palestra que realizei hoje, no Agrupamento de Escolas de Estarreja, aproveitei
para ir mais ao fundo da questão.” (…) “recordo agora que durante a VJ2019
(11ª Conferência sobre Ciência, Arte e
Videojogos), um dos artigos focava esta questão do vício, e na altura os
dados apresentados conduziam à ideia de que existiria mesmo algo distinto dos
outros media nos videojogos. Contudo, do literature review que conduzi, focado em estudos e artigos de
2018 e 2019, não encontrei qualquer evidência de vício criado pelos videojogos
em pessoas saudáveis. E foi exatamente seguindo estes preceitos que realizei a
palestra.”
De facto, é a associação comum dos
videojogos à cultura da violência e da dessensibilização e à adição e à
dependência, já tão enraizada na nossa sociedade, que o fundador da Sociedade Portuguesa dos Videojogos vai desconstruindo ao longo da palestra. Deixa
um alerta aos pais: “Existe um problema nas idades mais tenras: 4, 8, 12, 14. (..)
Aqui cabe aos pais o controlo, ele é inevitável, não porque os videojogos
possam degenerar as mentes das crianças per
se, mas simplesmente porque a formação de personalidade requer diversidade
de experiências.”
A palestra terminou com a participação
de alguns dos presentes que colocaram questões sobre os tratamentos que têm
vindo a surgir em clínicas privadas ao suposto vício dos videojogos. O orador
salientou a necessidade de realização de psicoterapia e o envolvimento da
família na recuperação do indivíduo e na alteração de comportamentos.
Pessoalmente, acredito que esta ação contribuirá, a longo prazo, para uma necessária mudança de mentalidades e de comportamentos e que os presentes darão o seu contributo nas escolas, nos gabinetes, na família, na sociedade.
Quem quiser aprofundar mais esta
temática poderá consultar os diapositivos apresentados e partilhados pelo
orador neste link
e que podem ser descarregados para melhor leitura.
Deixo os meus mais sinceros agradecimentos
ao Prof. Dr. Nelson Zagalo, que aceitou este convite com grande generosidade e
gentileza, divulgou este evento e partilhou os seus materiais, à Câmara Municipal de Estarreja e à Biblioteca Escolar da ESE por presentear o orador com algumas lembranças,
assim como à colega Rosário Santos, pela amizade e ajuda na articulação dos
vários parceiros desta atividade. Agradeço, também, a todos os presentes que
permitiram a realização desta atividade.
Paula Silva
Professora de
Educação Especial
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